Então vá, sê feliz!

Alguns encontros duram uns momentos, outros toda a vida. É isso que essencialmente distingue as nossas várias paixões do nosso único amor. Porque para ser amor não pode deixar de o ser um dia, senão nunca o foi na realidade, e quando digo que não pode deixar de o ser não me refiro exclusivamente ao final do namoro ou casamento ou seja o que for, refiro-me também ao final do respeito e consideração. Isso sim dita a definição de amor. Sei de tantas relações que sem acabar já acabaram. Sem respeito, não há amor. Qualquer outra coisa não é amor. A isso chama-se interesse, deslumbramento ou paixão, esse sentimento que vem de repente não sei como nem porquê e depois vai, quer seja de imediato, quer seja com o tempo, mesmo que deixe algumas cicatrizes em nós. Contudo, não desvalorizes as paixões, pois também elas têm a sua importância na construção da pessoa, diferente e única, que és, e não as evites, porque elas irão ensinar-te imenso e preparar-te para o teu verdadeiro amor. Para além disso, porque não divertires-te com o errado enquanto não chega o certo? Será isso assim tão mau? O tempo em que tinhas de casar com o primeiro homem que beijasses já lá vai, miúda! Não te sintas mal por aproveitar cada momento da tua vida, não há dois iguais.

O nosso encontro durou um só verão, mas marcou-me da forma mais profunda que até hoje imagino ser possível. Ele não foi o meu primeiro, nem o meu último, mas de alguma forma quando foi embora deixou pedacinhos dele em mim como ainda ninguém tinha deixado, e suspeito que eu também tenha deixado alguns meus nele. Espero um dia encontrar alguém que me marque como ele, mas que fique, que não desista de nós, que esteja pronto e seguro de que o que tem junto a mim é mais do que suficiente para ser plenamente feliz. Sinceramente acho que não tenho o direito de o julgar. Ele tinha desejos próprios que nunca poderia realizar ao meu lado e fez o que pensava ser melhor para ele, seguiu em frente, e fê-lo da maneira mais honesta que podia, não hesitou nem me iludiu. Foi difícil, não vou mentir, mas com o tempo e com a consciência limpa tudo sarou, mesmo que de tempos a tempos me lembre dele, às vezes com um sorriso e às vezes com uma lágrima.

Hoje olho para trás e não tenho arrependimentos nem rancores. Fui feliz, por isso para quê arrepender-me ou tentar encontrar culpados? Só porque depois doeu um bocadinho? A vida é mesmo assim, feita de altos e baixos. Acho que, pondo tudo numa balança, ele fez-me mais feliz do que infeliz, e isso é tudo o que me importa. Aprendi a aceitar as coisas que fogem ao meu controlo e a lutar por todas aquelas que dependem apenas de mim. Opto por viver um dia de cada vez e sentir-me grata por tudo o que tenho de bom ao invés de ser uma pessimista que passa as horas a perguntar a si mesma “porquê eu?”. Sou muito mais feliz assim. Que tal tentares tu também? Faz por seres feliz sozinha que um dia irá aparecer alguém disposto a empenhar-se em fazer-te ainda mais feliz. Acredita em mim, quando esse dia chegar não vais querer dizer “sou feliz por estar contigo”, mas sim “estou contigo por ser feliz”. É tão bom quando já és inteira sem ninguém e aparece alguém que consegue surpreender-te e acrescentar algo a ti. Então vá, sê feliz!

– Raquel Simões

2 comments

  1. Raquel · Outubro 12, 2015

    Muito bom os textos

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